
Clio Operária
O fascismo de caras novas: Aleksandr Dugin e a Quarta Teoria Politica
Rafael Lopes*
Os fascistas tentam se esconder com diversos nomes e diversas caras. Envergonhados da derrota do século passado, essa corja tenta se camuflar como novos nomes, porém desses novos nomes, todos representam as mesmas coisas: o caos, a opressão, a perseguição e a exploração. Em tempos de crise, alguns se radicalizam e buscam construir uma saída revolucionária que o emancipe e traga paz. Outros, porém, se entregam a reação.

Nos últimos anos, em resposta a uma rápida americanização da Europa, os europeus começaram a imaginar a Europa não como um conjunto de nações, mas sim como uma nação só. Os povos europeus que têm suas raízes baseadas em mitos de criação, renovaram as suas justificativas para a unificação de todo continente em uma única nação. Esse sentimento de unidade em resposta a um inimigo externo em comum está presente de uma forma mais enraizada nos povos eslavos, pois historicamente, os eslavos sempre sofreram com perseguições dento do continente europeu. Aleksandr Dugin clama pela unificação dos povos eslavos como a única saída para a paz. Dugin culpa o Ocidente — principalmente o Império Britânico e a OTAN — pela desintegração das duas grandes nações eslavas: a URSS e a Iugoslávia. Dugin exalta a paz entre os eslavos durante o período em que existia uma única república para os eslavos do sul, sendo que a única justificativa para a sua desintegração foi a interferência do Ocidente. Porém, essa suposta paz só existiu durante o período em que Josip Tito estava à frente da nação. A luta pela expulsão das tropas nazistas que ocupavam os Bálcãs foi um fator muito importante para que todas as nacionalidades iugoslavas se unissem. Além disso, Tito sempre se definiu como um iugoslavo, isso fez com que sua imagem como um líder unificasse sérvios, croatas e os demais eslavos do sul em uma só nação. Tito sempre deixou claro que o destino da construção do socialismo na Iugoslávia dependia da superação das questões nacionais e o combate aos fenômenos negativos do nacionalismo, em prol de um internacionalismo:
A razão pela qual fomos capazes de resolver a questão das nacionalidades de maneira tão completa pode ser encontrada no fato de que ela começou a ser resolvida de maneira revolucionária no curso da Guerra de Libertação, da qual participaram todas as nacionalidades do país, e que cada grupo nacional deu sua contribuição ao esforço geral de libertação do ocupante, respeitando suas capacidades… …O papel do Partido Comunista estava em primeiro lugar no fato de liderar essa luta, que era uma garantia de que, após a guerra, a questão nacional seria resolvida de maneira decisiva na maneira como os comunistas haviam concebido muito antes e até durante a guerra. Hoje, o papel do Partido Comunista a esse respeito, na fase de construção do socialismo, consiste em tornar os fatores nacionais positivos um estímulo, e não um freio, ao desenvolvimento do socialismo em nosso país. O papel do Partido Comunista hoje reside na necessidade de se manter atento para que o chauvinismo nacional não surja e se desenvolva entre nenhuma das nacionalidades. O Partido Comunista deve sempre se esforçar para garantir que todos os fenômenos negativos do nacionalismo desapareçam e que as pessoas sejam educadas no espírito do internacionalismo.¹ (TITO, 1963)